terça-feira, 30 de março de 2010

A ligação


Bem que você poderia me ligar agora à noite.
Você poderia me ligar e eu iria parecer surpresa e você me pediria desculpa pois não devia ter ligado, mas sem saber que eu vibrei e um sorriso se abriu quando vi seu nome no celular.
Você diria que está com saudade e eu diria que também estou, mas é lógico que você duvidaria, ainda que fosse uma falsa dúvida, só pra me fazer jurar, afinal, nunca sou eu quem digo que está com saudade primeiro. E você me pediria para ir até sua casa e eu daria uma desculpa qualquer pois sei que se eu for até lá, não sairei até a manhã e, por consegüinte, não conseguiria dormir. E por isso você pediria desculpa mais uma vez e eu sentiria seus olhos de desenho animado e teria vontade de te abraçar tão apertado de modo que meu corpo entrasse de vez no seu corpo. E então você desligaria prometendo me ligar amanhã e eu responderia qualquer coisa com uma voz suave e sem transparecer metade do que eu sinto quando estou com ou sem você. E ficaria um silêncio qualquer no ar, como se faltasse dizer alguma coisa da qual eu já não me lembro mais. Ou talvez, não possa lembrar. Nem sequer pensar.
Mas na verdade pode ser algo muito simples que não deva mesmo ser pensado. Porque quando estou com você, as coisas não querem ser pensadas e é por isso que rimos juntos de todas as besteiras.
E se você me ligasse, eu não ia falar disso porque, pra falar, as coisas têm que ser pesadas e não sentidas.
Se você me ligasse essa noite, eu iria dizer "eu também" quando você me dissesse que está com saudades, e iria me despedir mandando um beijo, e iria te atender com um sorriso disfarçado como se você pudesse me ver, como se fosse proibido me ligar, e iria ser fria como sempre, e iria vibrar quando visse seu nome no celular, e iria dar uma desculpa qualquer para não ir até sua casa e ficar com você até amanhecer.
E talvez um dia eu me arrependa desse silêncio que fica, mas parece que desaprendi as palavras exatas.
Ou talvez eu não possa lembrar. Nem sequer esquecer.



Isa Blue

terça-feira, 23 de março de 2010

O Silêncio e A Saudade

Não sei se já postei essa música aqui. Pesquisei, não achei. De qualquer forma, gostaria de postá-la hoje, não sob forma de nostalgia, mas apenas pela arte. Ainda que seja meio dor-de-cotovelo, não chega a ser brega, apenas melancólica.

O Silêncio e A Saudade
(Isa Blue)

Silêncios fazem sombras disformes
olhos nos cílios das horas
A noite não vale uma hora
e eu pergunto se amanhã vai chover...
Dizem que o futuro é agora
dizem que bom mesmo é viver
Mas se eu não tenho vontade
e a dor não é metade do que poderia ser


Às vezes a noite é dentro
e toda luz é fora
às vezes nem sinal de aurora
ninguém consegue ver sol
ninguém consegue viver só
Mas toda dor tem seu tempo
e tudo um dia vai embora
nenhuma dor é tão cruel
que não possa ser pior
que não possa ser pior


Refrão: É assim a noite e a distância
o silêncio e a saudade
Mas quando penso em você
alguma coisa ainda arde
alguma coisa ainda arde
E na solidão do quarto
coração em várias partes
e trancado em minha boca
esse silêncio, essa saudade
e o coração ainda bate


Quero sair, ver o sol e a chuva não deixa
penso que o astro rei vai ser minha deixa
nos teus olhos o farol me atropela e invade
e me sinto mal de não ser mais tão forte
As sombras dos teus olhos que deitam em minha alma
me fazem temer o frio e a noite que dilata
por mais quantas horas vou esperar você
por mais quantas vidas eu vou te perder?


Refrão


Deixo em sua história um pouco do meu sangue
você levou meu medo por caminhos tão distantes
eu me perdi de vista e não quero me encontrar
dentro do meu corpo muitos monstros pra enfrentar
Deixo novamente o espaço em seu peito
pra me reformular, preciso dar um jeito
foi bom enquanto foi bom, mas deixou muitas feridas
e agora eu te encontro em todas as despedidas


Refrão