Hoje eu resolvi postar uma coisa diferente. Não é um conto, não é uma crônica, menos ainda um poema. É um desabafo. Daqueles que periodicamente saem de mim como se tivesse tomado um litro de chá de boldo.
Uma Nota Por Um Desabafo
Não me entenda mal. Eu gosto de batata-frita e de cerveja. Eu gosto de sentar em uma roda de amigos. Eu só não posso é ouvir alguém dizer como eu tenho que ser ou me portar, por que tipo de gente eu devo me passar, é dividir meu tempo com alguém que diz que apoia a ditadura porque os jovens não têm limites que os pais não souberam dar e por isso quem deve dar é o governo.
Eu não posso dividir minha vida com alguém que acha que o dinheiro é tudo. Quando eu tenho certeza que o dinheiro não é nada, apenas a peça de um jogo que está na moda. Eu não vou abaixar a cabeça. Porque eu já abaixei muitas vezes e hoje eu não me conformo mais em ser apenas passiva e dizer "você está bêbada" ou apenas me livrar de alguém que não sabe o que diz. Porque eu já estou cansada de gente que não sabe o que diz. Eu não tenho que levar toda a verdade do mundo nos ombros. Só tenho 26 anos. Quero discutir com pessoas inteligentes e evoluídas e, sinto muito, não vou me prestar mais ao papel de ser "a amiguinha" ou "a filha da amiguinha" de uma geração ultrapassada que não aprendeu porra nenhuma da vida!!! A vida não é o Sistema. Seu caráter, sua ética não são o Sistema. Você vai sair daqui e levar O QUE consigo?
Hoje eu saí daquela mesa e levei uma dúvida. E cada um que saiu daquela mesa levou um tapa na cara. Porque eu caguei de verdade pra quem você é, chefe de quem, quanto você ganha. Eu caguei muito pro que você fez quando estava duro, pra quantos você deu o cu. E eu caguei principalmente vinte quilos pra sua ideia do que é importante.
Só porque você comprou vinte sandálias de pano só para não ter que lavar e as achou "descartáveis". Só porque você acha que as socialites vão se interessar se alguém resolver produzir aniversários de cachorros. Só porque você acha que o mundo vai durar pra sempre exatamente como você conhece. Só porque você acha que sabe mais do mundo do que qualquer pessoa à sua volta, porque o seu senso crítico ainda está parado nas lutas trabalhistas dos anos 70, as quais você só entrou de gaiato porque era só uma adolescente filha de militar e ai de você se se juntasse com aqueles rebeldes.
E eu somente deixo você achar que eu um dia vou me importar uma unha com o tempo que você gastou tentando me convencer que a vida é esse campo de guerra que você plantou. Às vezes é. Mas não tem que ser. Mas eu não digo que nunca vai ser ou pra sempre vai ser porque não sou hipócrita. Eu acredito na escolha. E não vai ser você nem ninguém que vai me dizer no que acreditar.
E ainda assim, estando com muita raiva, eu te disse tudo isso num tom sério e sereno, tanto quanto meu idealismo me permite, e vi as caras de riso das pessoas ao seu lado, e vi seu olhar mudar de direção. Mas eu tomo pra mim que quando seu olhar muda de direção, ele olha por um novo caminho. E quem sabe isso, um dia, irá te fazer, acidentalmente, enxergar melhor.Eu posso despertar a raiva de todas as pessoas ao seu redor. Eu posso ser jogada na zona de conflito para sempre. Mas eu não estou em guerra com o mundo. Eu estou apaixonada por ele.