quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Morrer, mas não matar.



Seria cruel ou seria verdade pensar que o ser-humano não se importa com os seres que não podem se comunicar claramente? Por isso matam plantas e insetos e peixes e qualquer outro ser que não pareça ter consciência sobre si e sobre o mundo. Sem pensar que as plantas, insetos e peixes também brigam pela sua sobrevivência e isso não seria ter consciência? Ter instinto é estar vivo.
Pasmo quando vejo essa nova onda de apoio à eutanásia, como se matar fosse comum e a vida fosse algo que pudesse ser definido por palavras e gestos, e uma pessoa que não tivesse capacidade de se mover ou se comunicar, fosse uma pessoa morta. A incapacidade de se mover ou se comunicar não quer dizer que a pessoa não pense ou não sinta. Que crueldade uma mãe assistir o filho a que deu a vida, pedir ao médico para desligar os aparelhos, sem poder dizer que ela ainda está ali, sem conseguir optar por continuar viva.
Creio que todos nós temos um processo evolutivo. E mesmo quando uma pessoa está em coma, com poucas esperanças clínicas de voltar, ninguém tem o direito de cortar este grilhão, pois se seu cérebro ainda funciona, ela está passando pela sua jornada evolutiva, talvez em outro plano.
Desligar as máquinas é deixar o paciente morrer de fome, de inanição, de falta de humanidade.
Não julgo que adotou estes métodos no passado, pois o passado não está apto a ser mudado mas, ao se deparar com esta situação no futuro, pense duas vezes, pense três mil vezes, antes de desligar os aparelhos do seu pai, sua mãe ou seu filho. O que lhe dá o direito de matar alguém que tantas vezes se privou do que queria só para estar ao seu lado, sem pedir nada em troca? Sofrer é parte da vida, sentir dor é parte da vida. Não mate o ser humano que sofre, estenda a sua mão.
Nenhuma morte é bonita. A morte de uma floresta, a morte de um homem ou a morte de um sentimento. Não existem fênixes que renascem tão logo morrem, leva tempo para renascer algo bom de suas cinzas. A morte é uma dor, nunca será diferente. Mas nunca inventaram um veneno definitivo contra a morte, por um bom motivo. Morrer é o fechamento de um ciclo. Ciclos incompletos são ciclos quebrados, uma vida quebrada não pode ser colada novamente.

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