(Se alguém souber o autor desta pintura, favor informar.)
O Caminho
Onde vai dar essa rua, senhor,
onde não vai carro,
onde não vai ônibus,
onde não vão moscas?
Onde desemboca essa via
onde não há tiros,
onde não há polícia
nem bandidos?
Senhor, por favor, me diga onde dá
essa avenida boa de andar
com o canto dos pássaros
e o farfalhar da música na copa das árvores...
é lá um bom lugar?
tem sorvetes coloridos?
tem bichinhos de pelúcia?
tem praia, sol e morro?
Essa rua de ladrilhos
termina onde? cruza trilhos?
é segura? tem mendigo?
Tem favela? tem abismo?
Não vejo pedras, senhor, onde dá?
Essa rua tem saída?
Essa via tem quebra-molas?
Onde dá esse caminho que eu sigo agora?
E o senhor me responde, com um sorriso:
“Esse caminho leva ao Paraíso!”
Ele próprio se oferece para minha escolta.
Eu me recuso. “Paraíso, é?”, dou meia-volta.
Isa Blue
Lindo seu poema! Faço essas mesmas perguntas todos os dias! Aliás, acho que é essa capacidade de indagar onde essa rua vai dar é o que nos faz tão humanos, e nos dá forças para presenciar tanta desumanidade sem amarelar! Boa caminhada! Obrigada pela oportunidade de ler um poema tão lindamente escrito!
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