segunda-feira, 15 de junho de 2009

O portador da Luz

Não sei o que é mais difícil. Dar banho na minha cachorra ou fazer nebulização no Lucas. Acho que com o Lucas eu uso mais força. Quem vê, não consegue acreditar, parece uma tortura. Ele se vira e revira e se expreme e se esvai em lágrimas e gritos. Eu boto as pernas dele por baixo das minhas, abraço pra segurar um braço, viro a mão pra tentar segurar o outro enquanto ele investe pra todos os lados querendo se soltar desse nó humano. Sem falar da cabeça que tem que ter uma segunda pessoa segurando. Ele é mais forte do que eu com apenas 1 ano e meio! Parece o bambam!
Certamente houve algum equívoco. Eu não nasci pra isso.
Nunca disse que era uma boa mãe. E pra ser sincera, não sou mesmo das melhores. Gosto da noite e, principalmente, da madrugada. Estou numa fase em que estar com os amigos é a coisa mais importante do mundo. Gosto de tomar minhas cervejas e da liberdade de não ter hora. Gosto de ir a saraus, teatro, cinema, shows... E meu filho ainda não pode me acompanhar. Quer dizer, poder até pode, mas aí eu não vou aproveitar nada, vou ficar correndo atrás dele o tempo inteiro, como já aconteceu. Ele não pára quieto! Nem parece meu filho. Mas nem dá pra dizer que foi trocado na maternidade, pois o caso dele era inconfundível, nascendo de parto normal às vinte e oito semanas e ainda no quarto do hospital, sem assepsia, sem nada.
Segundo uma amiga, os espíritos escolhem seus pais antes de vir para este mundo. Mas por que razão alguém me escolheria como mãe? Várias mulheres ficam anos tentando satisfazer seu desejo de engravidar e não engravidam. Penso que ele não está aqui por minha causa, acho que a missão dele é muito mais abrangente. Quando ele estava na barriga ainda, e eu estava cheia de crises e complexos, tendo sangramentos, sem saber se ele tava bem ou não, eu rezei e perguntei por que isso tava acontecendo. E a resposta que me foi dada foi essa. Que essa criança que se formava no meu útero, ia ser muito importante para esta época que está nascendo agora. Eu não tinha idéia do que isso significava. Mas depois disso eu não tive dúvidas que ele ia nascer bem e saudável.
E acho que é por isso também que eu não me preocupo tanto. Quando vou sair à noite e deixo ele com minha mãe, sei que ele vai ficar bem, nunca tive medo realmente por ele. Lucas é forte. Ele vai encontrar seu caminho quando for a hora, eu só vou auxiliá-lo.
Mas por que tem que dar tanto trabalho, meu deus?

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