Onde estive enquanto o céu concebia estrelas? Por onde andou a minha louca lucidez? Estive em outras galáxias, explorei formas lúdicas, ludibriei dos inocentes cometas sem rabo. Não vi a vênus nua. Não saciei a sede dos marcianos. Não levei a Layka pra lua.
Eu fui numa naviagem fantástica à Órion dos teus olhos. Eles te órion, eu te ouro. Tesouros perdidos nos teus olhos.
Nuvens. Tuas mãos são nuvens, me molho.
Fujo da finda infância e finjo que me afogo nos teus afagos.
Não há nada que faça sentido-horário se eu não sinto teu tempo, eu pressinto, eu protejo, eu praguejo, eu projeto o infinito universo inverso complexo da tua pele polida, do teu sorriso dislexo, do teu olhar frenético, do teu cabelo sintético.
Eu idiotizei o mundo, idealizei teu nome frente a tudo, ao tempo à trote.
Quando nasci, desci do céu por um fio de cabelo grisalho, rompi com Deus, fundi o fuso-horário, quebrei os ponteiros, ameacei o sol mas fui sumindo, devagar e sempre.
Daí eu resolvi fugir, morder a lua, salpicar estrelas nas minhocas pra ver se elas secam. Resolvi rever meus confeitos e espalhar confetes. Não, não quero a lucidez branca e insossa do sistema terrestre. Vou te visitar na invenção do Universo, lá na dobrinha do universo, fonte do orgasmo desembestado dos planetas, onde tempo nenhum me cansa, tampouco foi criado. Na quinta dimensão negra e clara e sem fim e sem mim e sem nada.
Não há nada que faça sentido quando estou contigo. Você nasceu de cara pro infinito. O tempo não precisa de você pra nada.
Isa Blue