sexta-feira, 9 de abril de 2010

Terminal



Estou caminhando nos destroços da cidade
procurando um tesouro perdido
no alvoroço das elétricas tardes
lá onde o Rio faz a curva
Sou uma alucinada lata velha
sendo chutada pelos mendigos
eu criei minha casa pobrezinha
na boca do precipício
Eu almejo o cilício das chuvas
e o silêncio dos jovens políticos
e procuro asilo nas turvas
águas do fundo do poço
O açoite da faca amolada
é o que vejo nos olhos famintos
cheirando de tudo pelas calçadas,
esses animais ainda são meninos
e toda luta que eu conheço
é contra nós mesmos.
- Costumava-se ouvir uma lenda
sobre os antigos egípcios:
pintavam a cara para expulsar políticos. -
Estou vivendo sobre o lixo das cidades
procuro uma sombra para fechar meus olhos
e não tenho muitas escolhas
A humanidade está doente
neurótica, paranóica, parabólica
A sociedade está morta
e eu, em estado de coma permanente.



Isa Blue

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