quinta-feira, 12 de junho de 2014

Quase

(tela de Lora Zombie)


Quase

É preciso ouvir os seus sussurros
quando o silêncio nos aflige ao quase máximo
É preciso se descer do grande muro
para evidenciar nossos naufrágios.

Se segue o tempo e a sua cortina de fumaça
Na sua vida nada se entrega ou se estraga
Não podemos deixar o tempo nos dizer
o que temos que sentir, como temos que ser.

Não há tempo de ferir a madrugada;
precisamos enxugar as nossas mágoas
não há mais que o silêncio no meu quarto
se perdendo nos gemidos do teclado.

É difícil acompanhar o pensamento
se elevando por detrás dos cães sarnentos
se estamos todos sãos e quase salvos
só me diga onde está a flecha e o alvo.

Em você não há pinturas de guerra
há somente a minha e a tua boca aberta
pra livrar a gente do temor que corre
sobre os trilhos de quem ama e nunca morre.

Não há nada de tão lento no destino,
há somente o medo isento de princípios
A vontade de afastar os seus exércitos
e o outro lado entre o longe e o quase perto.


Isa Blue

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