terça-feira, 2 de setembro de 2008

Transição

Estava ouvindo uma bobagem tão grande no Sem Censura de ontem, que nem agüentei: "Ah, eu nasci numa época de transição". E quem não nasceu? Todas as épocas são de transição desde que o homem inventou a roda, e não parou de criar desde então.
Meu marido diz que a segunda maior invenção do homem(depois da roda) foi o cd. (E não é que foi inspirado na roda?) Por que será então que ele sente tanta saudade do vinil?
Eu nasci quando o vinil estava acabando e entrando a fita k7. Mas ainda me deu tempo de ter alguns discos da Xuxa ou de estórias infantis. Do k7 eu me lembro bem: tinha do Balão Mágico, da Turma do Chaves, da Família Dinossauro, e os infindáveis da Xuxa. Eu sou do tempo do Xou da Xuxa, do Dengue, do Praga, do Bozo, da Mara Maravilha, do Sérgio Malandro...e do tempo que toda a turma do Chaves estava viva. (Será que foi mesmo verdade que alguns morreram num acidente de barco em Acapulco?)
Quando o CD entrou em cena eu já estava ganhando minha semanada de 5 reais. Não esnobe. 5 reais naquela época era muita coisa. Hoje em dia eu vejo os molequinhos pedindo 50 reais às mães.
Ia na barraquinha em frente à escola e comprava pingpong, chupa-chups(aquelas almofadinhas de leite condensado!), moedinhas de chocolate PAN, bolas ou guarda-chuvinhas de chocolate, pirulito de caramelo do zorro...
E como boa moradora de Ipanema não posso esquecer do supermercado Disco e, posteriormente, o que nem minha mãe lembra, dos sorvetes de casquinha no quiosque do Zona Sul. Foi lá onde eu aprendi que não gosto de Kiwi.
Passei tanto tempo comendo frango à cubana na Grelha, na Rua Garcia D'ávilla, que fiquei amiga dos garçons. Até hoje me lamento desse restaurante ter fechado. Eu sempre tomava um frapê de chocolate, hmmmmm! Até um dia em que o dono/gerente disse "não está no cardápio". Desse dia em diante eu passei a freqüentar o Chaika, que ainda guarda seu segredo em se manter aberto(o preço exorbitante e o consumidor fiel).
Aos 11 anos ganhei meu primeiro computador, um 486 com um windows 3.1 parcelado em prestações a perder de vista (na época, o curso de DOS ainda era obrigatório para quem queria mexer no computador), mas eu já mexia bem no computador dos meus primos.
Eu sou do tempo dos Mamonas Assassinas e não esqueço aquelas revistas de quando eles morreram: mostravam os corpos todos desgrenhados.
E não posso me esquecer do Fiatzinho 147 branco da minha mãe. Nunca me conformei dela ter vendido por 800 reais ao mecânico. Ele tinha até nome!
E os bonequinhos dos Comandos em Ação e da Força Cobra? Eu tinha quase todos! Também tinha o Falcon e o Príncipe Adam(He-Man) que caiu na minha janela. Tinha o Esqueleto, o Brainiac, o Lion(Thundercats), o finado Shazam, e vocês vão me desculpar, mas eu não lembro mais os nomes.
Depois do CD e do disc-man veio o DVD e o mp3. A troca da fita VHS para DVD foi outro baque. Eu tinha todos os filmes gravados que acabaram mofando ou se perderam em algum buraco-negro(o mesmo que engoliu meu boneco do Shazam). Alguns como: Mary Poppins, Dumbo... eu consigo encontrar em DVD. Mas os mais antigos como "A Canção do Sul" ou "Uma Casa Com Cem Cães" vão viver apenas nas nossas memórias.
Mas a minha maior frustração de verdade foi não ter nascido antes para viver as décadas de 70 e 80. Essa transição, sim, foi muito gostosa de se viver. Quer dizer, para quem não pegou AIDS...
Havia uma certa crença que o mundo ia acabar em 2000. Para alguns, realmente acabou. Para a maioria, piorou demais. Mas a vida vai continuando e novas tecnologias estão surgindo. Hoje você vê vídeos e ouve música no celular, quando é que alguém ia imaginar que em algo tão pequeno podia caber tanta coisa quando o computador ocupava um andar inteiro de um prédio?? Amanhã vai surgir uma outra coisa e daqui a apenas vinte anos, alguém vai lembrar com saudade do bom e velho I-Phone.

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