sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Quis Falar... (Isa Blue)
Quis falar, mas ainda não tinha as palavras. Pensava que não valia à pena dizer o que sentia, pensava que era forte o bastante para agüentar, que um dia ele mudava e passava a prestar mais atenção nela.
Percebeu que se calou muitas vezes, passando por cima de si mesma para não magoar o parceiro, pensando que seus princípios eram, de fato, apenas caprichos. Não entendeu, de imediato, que isso era o que ele queria que ela pensasse.
Ela ainda acreditava nele, que um dia se casariam, que criariam seus filhos e morariam numa casa com quintal e cachorro...Ou talvez, acreditasse apenas nesse sonho e estivesse cega para tudo ao seu redor, inclusive para ver quem era a pessoa ao seu lado.
Ela achava que sabia muito sobre a vida e sobre o amor, achava que já tinha sofrido muitas desilusões. Talvez fosse porque ela só tivesse vivido ilusões, miragens do que ela achava ser o amor. - Um reflexo muitas vezes pode parecer a imagem real, mas é só uma projeção. E o que eles chamavam de ‘amor’, se confundia mais com a sombra e a solidão. - Ela tinha medo de falar, porque as palavras que ela conhecia o afastaria de vez da sua vida, pois eram palavras contaminadas de mágoas e rancor por tantos anos em silêncio.
Mas quando ele se afastou, ela percebeu que podia viver sem ele. E que, pra bem dizer da verdade, vivia até melhor. E o medo que ela sentia era somente do desconhecido, do não saber de amanhã, não era medo dele, nem por ele. Nenhum cuidado foi tomado diante do mito do amor que eles, um dia, sentiram.
Ele já não a amava mais, mas não quis aceitar que ela tivesse tomado a iniciativa de terminar definitivamente, se por tantas vezes ele terminou e voltou depois por insistência dela. Essa era a diferença: ela assumira a palavra que ele tantas vezes tinha desperdiçado.
E ela se sentiu tão bem quando se viu livre daquele peso enorme que, no dia em que terminaram, ela pôde, finalmente, conversar com ele, abertamente, pela primeira vez. E quando as palavras vieram, foram todas de uma vez, embriagadas de uma mágica única que é poder falar sem sentir culpa.
Depois dele, ela começou a trabalhar com a palavra e viraram amigas inseparáveis.
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