domingo, 17 de maio de 2009

Desencatei do Universo. Me falta virar Tim Maia.

Só por eu estar acordada às 8h da manhã, vocês já devem saber que ontem não foi um dia do tipo, digamos, harmônico. A Lapa sempre tende ao Caos. Sempre que eu vou na Lapa acontece alguma coisa para me apurrinhar.
Primeiro foi a falta de bom-senso, educação e respeito do povinho inho inho brasileiro, costumeira, pelo trabalho alheio. Ao invés de valorizar, um sempre quer pisar na cabeça do outro para aparecer mais. Enquanto eu sempre tive na cabeça que quanto mais gente eu ajudasse a levantar, melhor. Engraçado isso, me volta todo aquele desespero adolescente do "não nasci pra viver nesse mundo, alguém me leva embora por favorrrr!" É sempre aquela velha história da humanidade não saber viver em sociedade.
Segundo ponto é que todo mundo que já sabia que ia dar merda, não foi. Eu ainda tô aprendendo a me preservar. Aliás, tô aprendendo a ficar mais atenta ao que os amigos me dizem e parar com essa mania besta de discordar. Isso não só em relação à Lapa, mas relação a tudo, enfim.
Quero chegar nesse tal desse bom-senso que o Tim tanto fala. Adorei o que meu amigo falou: "não vejo nada, não ouço nada", por um instante lembrei do Coro dos Inocentes, da peça 'Apocalipse Segundo Domingos Oliveira', mas é o certo a se fazer, fingir que não ouviu e seguir em frente, intacto. Infelizmente não cheguei AINDA neste ponto de evolução.
Vou repetir outra velha historinha: quando eu entrei pra poesia era um tal de um ajudar o outro, dizer o poema do outro por ter gostado do que leu, simplesmente. Todos iam a todos os saraus, sem definir onde e com quem. Não posso dizer que todo mundo se amava, mas não ter afinidade com alguém, não quer dizer transformá-lo no seu inimigo público e declarado. Ah, os saraus! Parêntesis para o momento nostalgia: (Por onde eu vou, todo mundo lamenta que os SabaSauers não se apresentem mais no Barteliê, aquele espaço, sim, era tão gostoso! Quando a gente chegava no Barteliê e descia aquela chave pela janela, as energias negativas ficavam do lado de fora.)
Ontem eu achei engraçadíssimo, enquanto quebrava, no dente e na marra, os maiores torresminhos que já encontrei, comecei a conversar com um sujeito sem saber quem era. Mas ele se lembrava de mim de trocentos anos atrás, antes de eu engravidar, quando freqüentava certo sarau, que também era ótimo e não existe mais(Sinal que a coisa tá ficando feia). Ele me disse o seguinte "vai por esse caminho que um dia você vai ser uma poeta"..........Como asssssssssim???????????? Depois de três anos de estrada o cara me diz isso!? Mas quando eu soube o nome do sujeito e quem era o seu "inimigo mortal", eu entendi a afirmação. Esse é o preço que eu pago por ter amigos invejados.
Quer dizer, é tudo uma questão de quem vai aparecer mais, de quem tem mais alunos, de quem vai se dar melhor no final. Pra essa gentinha inha inha, claro. Pois, por mais que a situação me atinja, nós, poetas que visamos celebrar a poesia, não conseguimos nos igualar e pagar na mesma moeda. É anti-ético e anti-evolutivo.
Já passei por várias situações parecidas e eles não sabem a força que estão nos dando enquanto nos denigrem. Pois então, que continuem!
Outra coisa que achei o cúmulo, foi este sujeito me perguntar: "se você já é poeta, o que ainda está fazendo com um professor?" (PS: Preferi não dizer que não tenho mais aulas de literatura e poesia, mas vou continuar chamando-o de mestre e professor pro resto da vida) Eu respondi: ando com ele por amizade. AMIZADE. Não, acho que ele não sabe o significado.
E apesar de estar bastante desencantada com o mundo, ainda acho que sarau é lugar de celebrar a vida e a poesia, e não de tentar converter seguidores para a "panelinha do contra", os fazer injúrias, ou denegrir alguém, ou fazer fofoca, etc. Pra isso, fica em casa. Então, vamos comemorar, que hoje é um novo dia e essa poesia está implorando para subir no palco e fechar o post.



Celebração
(Cairo Trindade)



hoje é sempre melhor
do que ontem,porque hoje é hoje,
esta coisa mágica,
única, surpreendente,
que se acaba de repente.


hoje é melhor
do que amanhã,
porque hoje é hoje
e estamos vivos
e plenos de tanto,
até não se sabe
como e quando.


hoje é sempre melhor que sempre,
porque o hoje foge,
amanhã é um mistério
e ontem é só memória,
história, já era.


hoje é sempre
o maior presente,
porque a vida é agora,
esta hora de som e luz e festa,
e este instante é tudo
o que nos resta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Expresse-se.