Nada melhor que uma Estradinha de Pensamentos para celebrar um novo começo. Um dos meus poemas mais queridos, concebidos com tanto cuidado. Encontrei no meio da bagunça do meu e-mail, meio empoeirado, mas ainda não gasto.
Estradinha de Pensamentos
(Isabela Figueiredo)
Decidida e incoerente com meus princípios de vida
lá vou eu, meio comedida, pulando pedras, chutando latas
pela estradinha de terra que escolhi pra construir minha casa.
Nem contida, nem perdida, sem roteiro, plano ou asas
lá vou eu, meio comedida, pulando pedras, chutando latas.
Variada das mais distintas desimportâncias
molho o pé no rio poluído, contraio ignorância
pelos anos de arte mal-vivida que morri cada dia.
Cambaleando palavras-chocas e coisas tóxicas
molho o pé no rio poluído, contraio ignorância.
Desincumbida de qualquer missão válida de uma menção
perco meus sentidos num lago alagado de espelhos
pelas inversões que fiz e pelos avessos.
A aversão ao que é concreto me levou à quase confidência:
perco meus sentidos num lago alagado de espelhos.
Versátil e duradoura, inventei meus pantáculos
proteger-me dos seguidores dos meus próprios obstáculos
era meu objetivo maior até do que pulá-los.
A contramão do meu destino pensava, que desatino
proteger-me dos seguidores dos meus próprios obstáculos!
E, como se não bastasse, não obstante, o instante chegava
a casa eu já avistava e a entrada era de orvalho
a cada passada pra frente me sentia distante e onipotente.
Já criei espinhos e perfumes, já fui princesa e espantalho
mas a casa eu já avistava e a entrada era de orvalho.
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