Estou acompanhando o blog do Victor Collona(www.deitandooverbo.wordpress.com) e confesso, vou roubar a idéia do último post para esse. Ele falava da avó que pintava santas russas, numa explosão de cores. E o avô usava menos cores e mais técnicas. Lembrei de uma história de família.
Eu, como ele, também não fiquei com a herança dos olhos azuis de minha avó, mas ganhei boas lembranças e, ao longo de anos, dei cabo das mais gostosas empadinhas de queijo do mundo! Ninguém fazia empadinhas como ela.
Meu avô era daqueles avôs barrigudos que ficam o dia inteiro na frente da TV. Volta e meia pegava ele dormindo sentado. Já minha avó, era muito católica, Filha de Maria, ia todos os dias à igreja e rezava o terço três vezes ao dia.
A casa deles era numa ruazinha tranqüila da Tijuca, quase Usina, uma rua sem saída em que os pássaros cantavam até à noite. Todos os cômodos eram repletos de móveis coloniais. E nas paredes, muitos quadros. Meu avô dizia que comprava a preço de custo no Centro da Cidade. Ele trabalhou até o fim da vida. Trabalhava até aos sábados, coisa que ninguém entendia. E a firma abria aos sábados?
Ligava lá para a casa, raramente, um rapaz que dizia ser do trabalho. Ninguém ligava. Mas minha avó ficava com as orelhas atentas. Apesar de usar aparelho auditivo, há coisas para as quais não se precisa de ouvido, apenas se sente.
Quando meu avô morreu, minha mãe descobriu que ele tinha uma amante, que também já havia falecido, e um filho. O filho era o tal que ligava dizendo ser do trabalho. E a amante era a autora dos quadros.
Seis meses depois de meu avô, minha avó também veio a falecer, nada de depressão, foi comida de Natal estragada.
Minha mãe ganhou um meio-irmão e acabamos ficando com os quadros. Belos quadros que guardam a história dos meus avós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expresse-se.