Esse blog tá ficando cada vez mais obscuro. Ou será a humanidade? As pessoas andam se afastando, brigando umas com as outras, cada vez mais. Onde eu nunca imaginei que pudesse acontecer um conflito, agora acontece. Se alguém aí entende de astrologia, por favor me diz se é proximidade de Marte ou coisa assim.
Ontem foi uma noite estranha. No mínimo.
Fui a um sarau na Lapa, no Beco dos Carmelitas, era o último dia do sarau antes que mudasse de ponto. O clima estava superanimado até chegar um famoso poeta no microfone e jogar palavras duras para uma amiga que estava comigo. Não posso pensar em outro motivo a não ser inveja para tal atitude medíocre. O engraçado foi que depois disso, minha amiga ganhou até mais admiração. Ele sumiu. Enquanto as pessoas iam até o microfone, dedicar um poema à ela. Logo ela quis ir embora e eu fiquei, pois havia chamado um outro outro amigo e ele ainda não tinha chegado.
Nesse meio-tempo fiquei sabendo da história toda, dos comos e porquês para o que havia acontecido. Mas isso não vem ao caso. Até porque eu nunca tomo parte em nada, apesar de ter opiniões formadas. Sou mais a favor da comemoração, da celebração da VIDA, da POESIA, do que de me envolver nesses assuntos. Que sempre são besteiras.
Mas, enfim, a cerveja do bar acabou. Eu e meu amigo, que já tinha chegado, fomos tomar uma no bar ao lado, no BECO DO RATO. Parecia um lugar agradável, à primeira vista. Tava rolando até um showzinho 0800 do lado de fora.
Pedimos uma cerveja e sentamos. Conversa vai, conversa vem, deu aquela vontade de ir ao banheiro. Fomos os dois. Chegando no corredor, havia uma moça limpando o chão. Ela disse que estava limpando o banheiro masculino, ou que tava ocupado, não me lembro exatamente, mas que a gente podia ir no feminino, porque tinha dois sanitários. Não nos importamos. Entramos. Quando a gente tá lá naquele momento relaxante do xixi, alguém começa a esmurrar a porta do lado de fora: "Abre a porta! Não pode não! Abre agora! Pode ir saindo daí!", a gente mandou esperar, afinal, estávamos no meio do xixi, pensando "Que cara maluco!"...Pois bem, saimos juntos e veio logo um negão (segurança?) querendo dar esporro na gente por entrar no banheiro junto. Como se nós estivéssemos fazendo algo de errado. Pior de tudo, como se nós PRECISÁSSEMOS nos esconder para fazer algo. E que não era o caso.
O negão, metido a valentão, mas com certeza uma bicha enrustida, me empurrou quando eu quis passar. Como o chão estava recém-lavado, eu fui deslizando até bater a cabeça contra a parede. Levantei, fechei os pulsos, peguei um ar e comecei a fazer um escândalo, que isso não ia ficar assim, que ele ia ver só. Daí ele fez uma barreira, e logo veio outro para ajudar, para separar eu e meu amigo e impedí-lo de passar. Ele ainda deu uns socos no meu amigo! Só até aí ele já tinha praticado três crimes: impedir o direito de ir e vir, agressão dupla(contra mulher é mais grave ainda), e humilhação pública/assédio moral. Insinuou que nós tínhamos usado droga, que estávamos nos agarrando no banheiro, quis nos intimidar, etc. Eu só gritando desaforo e já com o telefone na mão, ligando pra polícia.
Eu nunca imaginei que ia ficar tão feliz de ver um PM quando o homem chegou. Na mesma hora, o negão soltou meu amigo e pudemos resolver a situação. Eu queria dar parte do sujeito na delega, mas meu amigo precisava acordar cedo e só queria ir pra casa. Também juntou uma galerinha do bem para ajudar a gente assim que a polícia chegou. (Parêntesis para agradecer à Paula, ao Dimitri e aos amigos deles que vieram em nosso socorro.)
O PM é testemunha que eu tentei ainda apertar a mão do sujeito antes de ir embora, o cara não quis. Então FODA-SE! Tá amaldiçoado até a sétima geração.
Acabamos voltando pra casa com aquilo entalado na garganta. Ao mesmo tempo que eu me sentia na obrigação de lutar pelos meus direitos, e era direito meu que nosso agressor fosse punido, tive que abrir mão para livrar meu amigo.
Não vou dar nomes nessa história. Quem presenciou, que se comprometa. Só queria deixa registrado esse Boletim de Ocorrência virtual, pois era tudo que eu queria, ver aquele sujeito sendo preso.
Aqui fica meu relato sobre o que aconteceu na noite de quinta-feira, 16 de abril de 2009, no Beco do Rato, lugar de podridão, mas também a ajuda de pessoas que se importam, Lapa, Rio de Janeiro.
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